terça-feira, 9 de junho de 2015

Doença profissional ou ocupacional X Doença do Trabalho

Doença profissional ou ocupacional: É aquela que é produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar à determinada profissão ou função, ou seja, está diretamente ligada a profissão do trabalhador.

Doença do trabalho: Está ligada ao ambiente do trabalho. É aquela que tem ligação com o ambiente onde o trabalho é exercido.

Tanto a Doença do Trabalho como a Doença Ocupacional são consideradas acidente de trabalho.

Referência: Lei 8.213 de 24/07/91 - Artigo 20, itens 1 e 2.

Depressão

A depressão é um transtorno de humor, também conhecida como doença afetiva, por afetar, principalmente, o estado de humor ou os afetos - humor triste, melancólico ou depressivo. Atualmente, tem sido apontada como um dos males mais frequentes na saúde, não fazendo distinção de classe, nem observando limites de idade. Trata-se de um transtorno que afeta o corpo como um todo, pois causa alteração do sono, no apetite, na disposição física, além de dar um "tom pessimista" na maneira como a pessoa percebe e sente o mundo. Pode ser detectada concomitantemente a outros tipos de transtornos psíquicos ou doenças orgânicas e ser desencadeada por situações de estresse. Considerada como o "mal do século", a depressão está se configurando como a característica do homem na atualidade ou, nas palavras de Peres (2003), a "globalização de um estado d'alma". 

No episódio depressivo, o paciente apresenta humor triste, perda do interesse e prazer nas atividades cotidianas, sendo comum, uma sensação de fadiga aumentada. Pode mostrar dificuldade de concentração, baixa autoestima e autoconfiança, desesperança, idéias de culpa e sentimento de inutilidade; visões desoladas e pessimistas do futuro, idéias ou atos suicidas. Alteração do apetite e no sono são comuns.Sintomas de ansiedade são frequentes. A angústia tende a ser tipicamente mais intensa no período da manhã. As alterações da psicomotricidade podem variar da lentificação à agitação. Pode haver lentificação do pensamento.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde - OMS -, a depressão é uma das mais frequentes na população mundial, sendo uma das maiores questões de saúde pública da atualidade. É uma das doenças que mais afastam as pessoas do trabalho.

FATORES DE RISCO DE NATUREZA OCUPACIONAL

A relação dos episódios depressivos com o trabalho pode ser sutil. As decepções sucessivas em situações de trabalho frustrantes, as perdas acumuladas ao longo dos anos de trabalho, as exigências excessivas de desempenho cada vez maior, no trabalho, geradas pelo excesso de competição, implicando ameaça permanente de perda do lugar que o trabalhador ocupa na hierarquia da empresa, perda efetiva, perda do posto de trabalho e demissão podem determinar depressões mais ou menos graves. A situação de desemprego prolongado tem estado associada ao desenvolvimento de episódios depressivos. 

Episódios depressivos também estão associados à exposição ocupacional às seguintes substâncias químicas tóxicas: 

  • Brometo de metila; 
  • Chumbo e seus compostos tóxicos; 
  • Manganês e seus compostos tóxicos; 
  • Mercúrio e seus compostos tóxicos; 
  • Sulfeto de carbono; 
  • Tolueno e outros solventes aromáticos neurotóxicos;
  • Tricloroetileno, tetracloroetileno, tricloroetano e outros solventes orgânicos halogenados neurotóxicos;
  • outros solventes orgânicos neurotóxicos

QUADRO CLÍNICO E DIAGNÓSTICO 

O diagnóstico de episódio depressivo requer a presença de pelo menos cinco dos sintomas abaixo, por um período de, no mínimo, duas semanas, sendo que um dos sintomas característicos é humor triste ou diminuição do interesse ou prazer, além de: 

  • Marcante perda de interesse ou prazer em atividades que normalmente são agradáveis; 
  • Diminuição ou aumento do apetite com perda ou ganho de peso (5% ou mais do peso corporal, no último mês); 
  • Insônia ou hipersonia; 
  • Agitação ou retardo psicomotor; 
  • Fadiga ou perda da energia; 
  • Sentimentos de desesperança, culpa excessiva ou inadequada; 
  • Diminuição da capacidade de pensar e de se concentrar ou indecisão;
  • Pensamentos recorrentes de morte (sem ser apenas medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico ou uma tentativa de suicídio ou um plano específico de suicídio.


PREVENÇÃO 

A prevenção dos episódios depressivos relacionados ao trabalho consiste, basicamente, na vigilância dos ambientes, das condições de trabalho e dos efeitos ou danos à saúde. Requer uma ação integrada, articulada entre os setores assistenciais e da vigilância, sendo desejável que o atendimento seja feito por uma equipe multiprofissional, com abordagem interdisciplinar, capacitada a lidar e dar suporte ao sofrimento psíquico do trabalhador e aos aspectos sociais e de intervenção nos ambientes de trabalho. 

As medidas de controle ambiental visam à eliminação ou à redução da exposição a substâncias químicas envolvidas na gênese da doença, por meio de: 

  • Enclausuramento de processos e isolamento de setores de trabalho, se possível, utilizando sistemas hermeticamente fechados; 
  • Normas de higiene e segurança rigorosas, incluindo sistemas de ventilação exaustora adequados e eficientes; 
  • Monitoramento sistemático das concentrações no ar ambiente; 
  • Adoção de formas de organização do trabalho que permitam diminuir o número de trabalhadores expostos e o tempo de exposição; 
  • Medidas de limpeza geral dos ambientes de trabalho, de higiene pessoal, recursos para banhos, lavagem das mãos, braços, rosto e troca de vestuário; 
  • Fornecimento, pelo empregador, de equipamentos de proteção individual adequados, de modo complementar às medidas de proteção coletiva. 


A intervenção sobre as condições de trabalho se baseia na análise ergonômica do trabalho real ou da atividade, buscando conhecer, entre outros fatores: 

  • Conteúdo das tarefas, dos modos operatórios e dos postos de trabalho; 
  • Ritmo e intensidade do trabalho; 
  • Fatores mecânicos e condições físicas dos postos de trabalho e das normas de produção; 
  • Sistemas de turnos; 
  • Sistemas de premiação e incentivos; 
  • Fatores psicossociais e individuais; 
  • Relações de trabalho entre colegas e chefias; 
  • Medidas de proteção coletiva e individual implementadas pelas empresas; 
  • As estratégias individuais e coletivas adotadas pelos trabalhadores.


Em caso de suspeita ou confirmação da relação da doença com o trabalho, deve-se: 

  • Informar ao trabalhador;  
  • Examinar os expostos, visando a identificar outros casos; 
  • Notificar o caso aos sistemas de informação em saúde (epidemiológica, sanitária e/ou de saúde do trabalhador), por meio dos instrumentos próprios, à DRT/MTE e ao sindicato da categoria; 
  • Providenciar a emissão da CAT;
  • Orientar o empregador para que adote os recursos técnicos e gerenciais adequados para eliminação ou controle dos fatores de risco; 
  • Acompanhar o retorno do trabalhador ao trabalho, seja na mesma atividade com modificações ou restrições, seja para outra atividade, o que é importante para garantir que não haja progressão, recidivas ou agravamento do quadro.


Referência bibliográfica: 
Ministério de Saúde do Brasil. Organização Pan-Americana da Saúde/Brasil. Doenças Relacionadas ao Trabalho - Manual de Procedimentos para os Serviços de Saúde. Brasília/DF.
Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - DSM V - 5ª Ed. 2014.

Considerações sobre a Psicologia Organizacional

A Psicologia Organizacional é uma área de atuação dentre muitas da Psicologia. Refere-se ao desenvolvimento e à aplicação de princípios científicos no ambiente de trabalho. Se preocupa em compreender o comportamento individual e aumentar o bem-estar dos colaboradores no ambiente de trabalho. Tem natureza ambígua, porque é uma ciência que se ocupa das pessoas no trabalho, e que por essa especificidade, se associa a outras áreas da psicologia, como a cognitiva e a social. Ela também é a aplicação dos princípios psicológicos da organização e do ambiente de trabalho.

A Psicologia Organizacional se dedica ao trabalho, propondo métodos eficazes para a melhoria do ambiente de trabalho e, por conseguinte, da qualidade de vida do trabalhador. Foca diversos aspectos que podem melhorar a execução do trabalho, incluindo o recrutamento e seleção e treinamento de pessoas, e a adequação de tarefas mais apropriadas. 

O campo da psicologia organizacional é muito abrangente, indo desde os métodos de contratação de colaboradores a teorias referentes ao funcionamento das organizações, auxiliando essas, a obter o melhor dos seus colaboradores e de seus recursos humanos, a cuidar da saúde e do bem-estar dos colaboradores.

O psicólogo organizacional poderá desenvolver, entre outras, as seguintes atividades:

  • Elaborar e ministrar cursos e treinamentos;
  • Realizar pesquisas;
  • Redigir artigos de apresentá-los em conferências;
  • Fornecer serviços de consultoria às organizações;
  • Escrever artigos ou livros;
  • Analisar a natureza de uma atividade (análise da tarefa);
  • Conduzir uma análise para determinar a solução de um conflito organizacional;
  • Realizar pesquisa de clima organizacional;
  • Projetar sistemas para avaliação de desempenho;
  • Projetar sistemas de seleção de pessoal;
  • Projetar programas de treinamentos;
  • Desenvolver testes psicológicos;
  • Avaliar a eficácia de uma atividade ou prática;
  • Implementar mudanças organizacionais;
  • Elaborar e desenvolver projetos;
  • Participar de reuniões junto a alta gestão da organização, etc.