domingo, 19 de julho de 2015

Deficiências - 1. Deficiência Auditiva

Segundo o Decreto 3.298, de 20 de dezembro de 1999, a deficiência auditiva é uma "perda parcial ou total das possibilidades auditivas sonoras, variando em graus e níveis".

Há diferentes tipos de perda auditiva. São chamadas de surdos, os indivíduos que têm perda total ou parcial, congênita ou adquirida da capacidade de compreender a fala através do ouvido.

Conforme Roeser & Downs, Martinez (2.000), é possível classificar a pessoa com deficiência de acordo com seu grau de perda auditiva, avaliada em decibéis.

a) de 25 a 40 decibéis (db) - surdez leve;
b) de 41 a 55 db - surdez moderada;
c) de 56 a 70 db - surdez acentuada;
d) de 71 a 90 db - surdez severa;
e) acima de 91 db - surdez profunda;
f) Anacusia.

A audição está normal quando há uma diminuição de até 15dB.

Perda leve: A pessoa costuma pedir para repetirmos o que acabamos de lhe dizer, tem dificuldade para localizar a fonte sonora, parece desatenta.

Perda Moderada: A pessoa tem dificuldades para entender o que as outras falam, não atende chamados feitos a distância ou quando o interlocutor está fora do seu campo visual. Na escola, sem ajuda técnica, o seu rendimento acadêmico costuma ser inferior ao dos demais alunos.

Perda severa/profunda: A pessoa não ouve os sons da fala; se for criança de pouca idade, aponta com o dedo para indicar o que quer, faz movimentos com a cabeça para concordar ou não com o interlocutor. O barulho no ambiente, desde que não produza vibrações fortes em móveis, paredes e objetos, não interfere no seu sono. Sem ajuda técnica, terá dificuldades para desenvolver plenamente suas potencialidades.


PRINCIPAIS CAUSAS

A deficiência auditiva pode ser congênita ou adquirida

As principais causas da deficiência congênita são: hereditariedade, viroses maternas (rubéola,sarampo), doenças tóxicas da gestante (sífilis, citomegalovírus, toxoplasmose), ingestão de medicamentos ototóxicos (que lesam o nervo auditivo) durante a gravidez.
A deficiência auditiva pode ser adquirida, quando existe uma predisposição genética (otosclerose), quando ocorre meningite, ingestão de remédios ototóxicos, exposição a sons impactantes (explosão) ou viroses, por exemplo.

Outra forma de classificar as causas potenciais da deficiência auditiva ou a ela associadas:

Causas pré-natais: A criança adquire a surdez através da mãe, no período de gestação, devido à presença de fatores como: 
  • Desordens genéticas ou hereditárias;

  • Causas relativas à consanguinidade;

  • Causas relativas ao fator Rh;

  • Causas relativas a doenças infecto-contagiosas, como a rubéola;

  • Sífilis, citomegalovírus, toxoplasmose, herpes;

  • Ingestão de remédios ototóxicos;

  • Ingestão de drogas ou alcoolismo materno;

  • Desnutrição/subnutrição/carências alimentares;

  • Pressão alta;

  • Diabetes;

  • Exposição à radiação.

Causas perinatais: Quando a criança fica surda em decorrência de problemas no parto: 
  • Pré- maturidade, pós- maturidade, anóxia, fórceps;

  • Infecção hospitalar.

Causas pós-natais: A criança fica surda em decorrência de problemas após seu nascimento: 
  • Meningite;

  • Remédios ototóxicos, em excesso ou sem orientação médica;

  • Sífilis adquirida;

  • Sarampo, caxumba;

  • Exposição contínua a ruídos ou sons muito altos;

  • Traumatismos cranianos.

O diagnóstico médico permite, em muitos casos, que se identifique a causa mais provável da perda auditiva, mas infelizmente, isso nem sempre é possível. A ocorrência de gestações e partos com histórico complicado, bem como a manifestação de doenças maternas no período próximo ao nascimento da criança podem inviabilizar a identificação dessa causa. Por isso mesmo, em cerca de 50% dos casos, a origem da deficiência auditiva é atribuída a 'causas desconhecidas'. Quando se consegue descobrir a causa, o mais freqüente é que ela se deva a doenças hereditárias, rubéola materna e meningite. 

Surdez súbita

Algumas pessoas apresentam perdas auditivas súbitas, elas quase sempre são unilaterais, mas em raras ocasiões podem atingir os dois ouvidos. Pressão no(s) ouvido(s) ou "estalos" são sintomas que podem indicar o aparecimento da surdez, não só a súbita, como a progressiva, que pode atingir níveis elevados em poucos dias. A surdez súbita é acompanhada de "estalos" intensos, podendo haver vertigem ao mesmo tempo. São causadoras desse problema: 
  • Lesões na cóclea ou no nervo auditivo.

  • Formação de coágulos nos vasos que irrigam a cóclea, o que faz com que as células sensoriais morram por não receber sangue. Problema mais comum em pessoas com diabetes e hipertensão.

  • Processos infecciosos como sarampo, rubéola , herpes ou mesmo gripe comum.

  • Alergias, como reação a soros, vacinas, picadas de abelha ou comidas.

  • Tumor no nervo auditivo, causa de 10 % dos casos.

  • Autoimunização, quando o mecanismo de defesa do organismo ataca a cóclea e mata as células como se fossem um corpo estranho.

  • Excesso de ruído (barulhos acima de 120 decibéis podem provocar falta de estabilidade no líquido que preenche a cóclea e alimenta as células sensoriais).

  • Infecção bacteriana no labirinto, que pode desencadear. hipersensibilidade e problemas de microcirculação.

  • Degeneração neurológica (em casos raros, a surdez súbita pode ser o primeiro sintoma de esclerose múltipla).

  • Batida na cabeça e fratura do osso temporal.

  • Fístula perilinfática, estrutura que liga a caixa do tímpano com a cóclea se rompe sem causa aparente e provoca perda do líquido que nutre as células sensoriais. À medida que as células morrem, a audição fica comprometida.

  • Obstrução por cera ou inflamações (Otites).

PREVENÇÃO


  • As mulheres devem se vacinar contra rubéola pelo menos 6 meses antes de engravidar;
  • Não permanecer no interior de ambientes onde estão sendo emitidos sons altos (acima de 70 dB);
  • Evitar fones de ouvidos, mas se for imprescindível, utilizar os modelos de fones que fiquem para fora dos ouvidos;
  • Usar equipamento de proteção nas orelhas, ao manusear ferramentas que produzem ruídos altos;
  • Não se automedicar.

DICAS

Pessoas com surdez moderada, severa ou profunda podem melhorar a sua audição com o uso de aparelhos de ampliação sonora individuais (próteses auditivas) ou com implante coclear. 

A pessoa com deficiência auditiva pode ter dificuldades em discriminar os sons da fala. Se a perda auditiva é severa/profunda, é provável que ela se comunique através de LIBRAS (modalidade de linguagem gestual-visual) ou, se ela não teve a oportunidade de aprendê-la ainda, talvez empregue gestos comuns.

Quando você quiser comunicar-se com uma pessoa surda, sinalize com a mão ou tocando no braço dela. Procure estar ao alcance do seu campo visual, permita que sua boca fique bem visível, fale devagar e de maneira clara, para que ela faça a leitura orofacial (leitura dos lábios e dos movimentos faciais) e todo o movimento corporal, proporcionando uma melhor compreensão da mensagem. Se você olhar para outro lado, ela pode interpretar que a conversa terminou.

Seja expressivo. A pessoa surda não pode ouvir as mudanças de entonação da sua voz. É preciso que você lhe mostre isso através da sua expressão facial, gestos ou movimentos do corpo para ela entender o que você quer comunicar.

Se a pessoa não lhe entender, não grite, porque ela continuará não entendendo você. Nesse caso, você poderá escrever o que pretende comunicar à ela.

O uso da escrita é um bom recurso para esclarecer dúvidas, confirmar dados, registrar informações importantes, garantir a compreensão da informação, e também ser usada como rotina na comunicação de avisos gerais.

Se a pessoa surda estiver acompanhada de um intérprete de LIBRAS, fale olhando para ela e não para o intérprete.

Em geral, pessoas surdas preferem ser chamadas de surdos e não, pessoas com deficiência auditiva.

Não use a expressão surdo-mudo, pois é totalmente inadequada. A pessoa ouvinte aprende a falar porque tenta repetir os sons que ouve. Com a repetição, acaba aprimorando as suas emissões. O surdo, apesar de ter cordas vocais íntegras, precisa de apoio técnico para fazer o mesmo, uma vez que, por não ouvir, não consegue simplesmente ir treinando sua fala. Pessoa muda é aquela cujas cordas vocais não são funcionais.

Com a velhice, a acuidade auditiva de qualquer pessoa tende a diminuir. Portanto, diante de uma pessoa idosa, incentive-a a participar da conversa, fale mais devagar, use frases curtas. Não permita que ela se isole cada vez mais, nem dê motivos para deixá-la ansiosa ou angustiada.

Procure, o mais breve possível, um médico otorrinolaringologista e/ou fonoaudiólogo, em caso de suspeita de perda auditiva. Quanto antes a perda auditiva for diagnosticada e quantificada, mais precocemente poderá receber o apoio técnico e profissional de que precisa.

BIBLIOGRAFIA

PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA - Casa Civil - Subchefia para assuntos jurídicos. Decreto  Nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999, Brasília.
SASSAKI, Romeu Kazumi. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. 8 ed. Rio de Janeiro/RJ: WVA, 2010.
_______. Portadores de deficiência ou pessoas com deficiência? Recife: Encontrão 2000. (Evento realizado em 3 a 6 de setembro de 2000). São Paulo/SP, julho de 2003a.
_______. Vocabulário usado pela mídia: O certo e o errado. Recife, 2000 (apostila de curso).
_______. Como chamar as pessoas que têm deficiência. São Paulo/SP: RNR, 2003b.
Secretaria Especial dos Direitos da Pessoa com Deficiência - Prefeitura Municipal de Curitiba. Cartilha de Comportamentos, Mitos e Verdades. Volume 1. Abril de 2014.